Em 2016 eu e minha esposa decidimos fazer o caminho português da costa até Santiago de Compostela era uma viagem a pé de mais de 200 km em que o peso das nossas mochilas era uma das maiores preocupações.
A minha preocupação foi o que eu iria levar para registrar essa viagem, eu simplesmente não podia fazer o caminho e guardar as imagens apenas na minha memória. Nessa época eu já tinha me rendido ao sistema da fuji e já tinha uma X-T10 e uma X-T1 e algumas objetivas e pensava sempre em qual levaria para a viagem. Ponderei comprar a Fuji X70 pelo tamanho mas não achei que o investimento valesse a pena naquele momento e então decidi levar a X-T10 e a 18-55mm 2.8-4 com mais duas baterias extras e um carregador usb que me permitia carregar as baterias com uma powerbank que levava já que não sabia nem onde nem quando teria tomadas disponíveis.
Não me arrependo pela minha escolha mas espero para o próximo caminho já estar com a X100F , um pouco mais leve e menor.
E sim vai ter um próximo caminho esse foi o primeiro de muitos que pretendemos fazer.
Assim começou o caminho, com uma seta nos indicando para onde devíamos ir e foi atrás dela que passamos os próximos 10 dias
atravessamos rios e seguimos pelo meio da floresta algumas vezes e as vezes achava que estávamos perdidos mas era só procurar que a setinha amarela estava lá para nos indicar o caminho
e em cada ponto de parada um carimbo, que significava muito mais que um pouco de tinta num papel
Mas porquê fazer o Caminho?
Há razões religiosas e valores humanos que levam o Peregrino até Compostela.O Caminho é um pretexto para quem precisa se dar um tempo. Uma boa oportunidade para recolocar os valores em seus devidos lugares, identificar as atitudes e as pessoas que roubam frequentemente a nossa energia.
Um lugar para confirmar o amor e agradecer ao universo pelas bençãos recebidas todos os dias.
Fazer o caminho é ver o nascer do sol numa cidade e o por do sol em outra
Em suas trilhas constatamos que não somos aquilo que temos e não precisamos do que temos para ser o que somos. O Caminho dá o que cada um precisa e não o que esperamos dele.
Saímos da nossa zona de conforto.
Fomos obrigados a compreender que para viver não é preciso muito.
Respeitar o próprio ritmo. Aceitar e ser generoso, humilde. Cultivar bons pensamentos. Reconhecer os fracassos e abraçar a solidão do Caminho.
Ultrapassar as dores físicas. Conhecer pessoas, muito diferentes e ao mesmo tempo tão próximas. Histórias de vida, problemas e alegrias. Compartilhar experiências. Recomeçar a viver com mais coragem.
Começamos em dois e chegamos a oito, mas no final éramos cinco
O que mais ocupa espaço e pesa na mochila não são 2 ou 3 pares de meias, mas alguns sentimentos que abandonamos ao longo do caminho. Aos poucos somos forçados a refletir e reaprendemos a apreciar a nossa própria companhia.
Muitos são os pontos de partida, mas todos convergem no mesmo lugar: Santiago de Compostela.
Dizem que o Caminho começa quando aceitamos o seu chamado. Nós fomos. E trouxemos um pouco dele em nós.
Uma experiência única que todo mundo deveria fazer pelo menos uma vez na vida.